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Vigia de creche se isolou após denunciar a mãe por envenenamento

Vendedor de picolé, aprendeu sozinho a fazer o doce gelado, contam familiares

Vigia de creche se isolou após denunciar a mãe por envenenamento
Notícias ao Minuto Brasil

05:25 - 09/10/17 por Notícias Ao Minuto

Brasil 'Dão do Picolé'

Damião Soares dos Santos, conhecido em Janaúba como "Dão do Picolé", de 50 anos, antes de atear fogo na creche na última quinta-feira (5), trabalhava durante o dia como vendedor de picolé, que fazia em casa. À noite, era vigia noturno da creche Criança Inocente. Familiares contam que ele se isolou após denunciar a mãe por envenenar a comida dele.

Visto por vizinhos e conhecidos como reservado e de poucos amigos, a família afirma que ele era bondoso e inteligente. Apesar de terem opiniões diferentes, todos concordam que Damião era calmo e incapaz de pôr fogo na creche.

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"Na hora que minha sobrinha disse 'o tio Dão pôs fogo na creche', eu não acreditei. Estou assustada até hoje. Ele era a pessoa mais calma que eu conhecia", contou Maria Alexandrina, 59, irmã dele, ao jornal "Folha de S. Paulo".

"Moço, tá saindo um enterrinho ali agora. Você não sabe qual é a dor da gente. Não vê como é grande. Porque foi um parente nosso que fez isso. Você não consegue imaginar que aquele homem bom, que conviveu com a gente, fez isso, não. É doído demais", disse uma sobrinha que não quis ser identificada.

Damião nasceu em Porteirinha, cidade vizinha a Janaúba. Ele tem um irmão gêmeo, que chamava Cosme. Juntos, formavam a dupla de santos católicos Cosme e Damião.

Ainda de acordo com os familiares, para fazer os picolés, Damião guardava galões de álcool, que ajudam a baixar a temperatura e a acelerar a manufatura do doce gelado. Suspeita-se que ele tenha usado o combustível para causar o incêndio na creche.

"Um homem que aprende sozinho a fazer picolé, a mexer com gesso, a ser eletricista, era concursado da prefeitura... Só pode ser muito inteligente", disse outra irmã. "Era muito estudioso. Uma vez nós falamos: 'O Dão vai enlouquecer'. Porque ele só ficava com a Bíblia na mão", contou Maria Alexandrina.

Em 2014, Damião denunciou a própria mãe, que, segundo ele, tentava envenená-lo pela comida. Ele foi encaminhado ao Centro de Atenção Psicossocial (Caps), mas não há registro de que tenha se tratado.

Na sequência, Damião deixou a casa da mãe e foi morar em outro bairro. "Era uma pessoa simples e muito na dele. Não recebia gente em casa, passava na rua e não cumprimentava. Era quieto", contou o aposentado Weliton Vieira, vizinho de Damião.

A irmã do vigia conta que ele ficou muito abalado com a morte do pai, há três anos. "Ele e o pai passavam o dia juntos. Todo dia, pegavam uma cadeira, sentavam na rua e conversavam, a tarde toda".

Desde então, a família passou a vê-lo com menos frequência. "Via vendendo o picolé dele na rua, dizia 'bença, tio Dão', ele respondia, dizia que estava bem, a gente acreditava", disse a sobrinha.

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