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Venda para pessoa com deficiência impulsiona mercado de jipinhos

A explicação do fenômeno está nas vendas diretas de fábrica, que representaram 79,6% dos emplacamentos do Volks

Venda para pessoa com deficiência impulsiona mercado de jipinhos
Notícias ao Minuto Brasil

14:45 - 29/08/20 por Folhapress

Economia Volkswagen

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Volkswagen T-Cross surpreendeu o mercado automotivo nacional ao liderar as vendas em julho. Foi a primeira vez que um jipinho assumiu esse posto, geralmente ocupado por carros compactos populares.


A explicação do fenômeno está nas vendas diretas de fábrica, que representaram 79,6% dos emplacamentos do Volks, segundo a Fenabrave, associação que representa os revendedores de veículos.


Esse tipo de comercialização abrange pessoas com deficiência, que têm direito a isenções de impostos.


Leonardo Tosello, executivo de vendas diretas da Volkswagen, diz que houve um represamento da produção e das vendas devido à pandemia, o que fez crescer a espera pela versão Sense do T-Cross, opção que custa R$ 69.990 e é feita exclusivamente para atender às vendas do segmento chamado PCD (sigla para pessoa com deficiência).


O preço se deve ao teto para obter as isenções de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Para se enquadrarem, os carros precisam custar menos de R$ 70 mil.


Outros utilitários compactos também se sobressaem neste período de retomada pelo mesmo motivo: represamento. Ao retomar a produção, as empresas priorizaram o atendimento de clientes que encomendaram carros com isenção plena ou parcial de impostos e já aguardavam a entrega há meses.


Os quatro carros de passeio mais comercializados por meio de vendas diretas pertencem à essa categoria. O T-Cross é seguido por Jeep Compass, Jeep Renegade e Chevrolet Tracker.


Tosello diz que as marcas tentam aumentar o valor. O teto atual de R$ 70 mil permanece o mesmo desde 2009.


C0mpass e Tracker, por exemplo, ultrapassam o teto e perdem a isenção do ICMS.


Outro problema é o aumento no preço dos veículos causado pela alta do dólar somada à queda na produção. As marcas têm retirado equipamentos dos jipinhos para mantê-los à venda por menos de R$ 70 mil em versões com câmbio automático.


O T-Cross Sense 2021 perdeu as rodas de liga leve e o sistema de som, mas permanece com seis airbags.


O Jeep Renegade, que já era um carro simples na versão voltada para o segmento PCD, perdeu alças de teto, porta-óculos, luz de leitura traseira e tampão do porta-malas.


Com os benefícios tributários, o preço desses modelos cai de R$ 69.990 para aproximadamente R$ 55 mil.


As fábricas aguardam que o Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária) aumente o valor ainda em 2020, medida que deve acompanhar as mudanças na lista de patologias abrangidas pela isenção fiscal.


Segundo texto publicado no Diário Oficial do dia 3 de agosto, deficiências de grau leve perderão o direito ao desconto de ICMS, imposto estadual, a partir do ano que vem. A regra do IPI não será alterada.


Outro exemplo de venda direta em alta é a comercialização para microempresas. Embora não haja mudança na tributação, os impostos cobrados costumam ser mais baixos devido à forma de cálculo.


O preço de nota fiscal, que é a base para os impostos, tende a ser menor nos modelos vendidos diretamente da fábrica.


As montadoras podem oferecer descontos a depender do número de carros adquiridos, bem como definir quais modelos terão os preços mais atraentes na venda direta.


O carro que mais se destaca na comercialização para pessoa jurídica é a picape compacta Fiat Strada, líder entre os veículos comerciais leves. A nova geração chegou às lojas em plena pandemia e, em julho, teve 6.554 unidades licenciadas, segundo a Fenabrave.


A Fiat estimula essa forma de comercialização. Nos sites da montadora e de suas concessionárias, um texto afirma que basta apresentar CNPJ e inscrição estadual vigentes para obter descontos.


Para as fabricantes, negociar com pequenos empresários é tão rentável quanto a venda tradicional no varejo.


Já a comercialização direta para frotistas, como locadoras, ajuda a movimentar fábricas em uma época com capacidade ociosa superior a 60%.


Mas há perda de rentabilidade: ao comprar milhares de carros de uma só vez, empresas de locação conseguem negociar grandes descontos. O preço unitário despenca e isso leva à desvalorização acentuada no mercado de usados.

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