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Polícias e socorristas nos EUA com medo de segunda infecção

A política estabelecida durante a pandemia ordena que os trabalhadores que já não apresentam sintomas da doença devem voltar ao trabalho o mais rápido possível.

Polícias e socorristas nos EUA com medo de segunda infecção
Notícias ao Minuto Brasil

14:15 - 28/04/20 por Notícias ao Minuto Brasil

Mundo Covid-19

Polícias, bombeiros, paramédicos e agentes penitenciários dos Estados Unidos (EUA), sobreviventes da covid-19, regressam aos locais de trabalho com receios de contraírem a doença novamente ou colocarem colegas e família em perigo.

Os assistentes de socorro em situações de urgência, chamados 'first responders', estão à distância de uma chamada 911 (a linha de emergência nos EUA) de poderem ficar infectados e transmitir o novo coronavírus em locais onde prestam socorro.

Para agentes de segurança, com máscaras e luvas azuis descartáveis penduradas nos cintos, o novo coronavírus é uma "bala invisível" para a qual não houve treino na sua profissão.

Os trabalhadores que já conseguiram se recuperar da covid-19 estão voltando ao serviço, sempre na linha da frente - de volta à cena do crime, de volta às ambulâncias, de volta às prisões.

A política estabelecida durante a pandemia ordena que os trabalhadores que já não apresentam sintomas da doença devem voltar ao trabalho o mais rápido possível.

Voltam ainda tossindo, depois de terem perdido peso, ainda sem a certeza de que estão imunes à covid-19 depois de terem vencido o vírus uma vez.

Segundo a agência AP, Ravin Washington, uma delegada do condado de Harris, no Texas, estava trabalhando num assalto, quando, de repente, sentiu um grande peso no peito e conduziu até casa da irmã, quase sem conseguir manter as mãos no volante e sem entender o que se passava.

A certeza chegou no dia 25 de março, depois de fazer o teste com uma zaragatoa nasal que "parecia que tocava no cérebro".

O resultado para o coronavírus deu positivo e colocou Ravin Washington entre os primeiros infectados da equipe do xerife.

Em isolamento, a temperatura "disparou" e o estômago deu voltas. Durante dias, a mulher de 28 anos não sentia o paladar e não conseguia levantar-se da cama. "As pessoas não querem ficar perto de você e não te querem tocar", disse Ravin Washington à AP.

A delegada preocupava-se que os colegas não quisessem o seu retorno depois de ficar curada. Este mês, quando regressou ao trabalho, a situação estava revertida: os colegas até a abraçaram. "As pessoas sentem que 'você tem os anticorpos, você é a cura'", refletiu.

De volta à patrulha, Washington tem o peso na cintura com uma arma de choque, uma arma de fogo e algema, mas a sua segurança depende também das luvas e máscara. "Parece que está arriscando a vida muito mais agora", disse.

Em abril, o paramédico Alex Tull, do corpo de bombeiros de Nova York, ficou sem fôlego depois de subir alguns lances de escadas. Com uma tosse forte e demorada e com dores no peito, fez um raio-X que mostrava uma inflamação nos pulmões.

Tull, de 38 anos, disse que se sentia culpado por estar em casa durante duas semanas, descansando em frente à televisão, enquanto os colegas arriscavam a vida. "Porque é que tinha que acontecer comigo? Eu quero estar lá fora. Quero sair e ajudar", exclamou o paramédico com dez anos de experiência.

Cerca de um quarto dos 4.300 funcionários dos serviços de emergência médica da cidade de Nova York já ficaram infectados com a covid-19, segundo a agência AP. No corpo de bombeiros da cidade de Nova York, cerca de 700 funcionários testaram positivo e oito morreram.

Sem a certeza de estar imune a contrair ou espalhar a doença novamente, Tull temeu uma segunda infecção pelo vírus: "Será que o meu corpo está preparado para a segunda vez? Não sei. É assustador", descreveu.

Kirsten Ziman, chefe de polícia e comandante de patrulha na cidade de Aurora, no Estado de Illinois, passou horas numa sala de conferências com outras pessoas, planejando maneiras de manter os seus 306 policiais a salvo do novo coronavírus.

Os novos procedimentos no trabalho para os agentes passaram a incluir mais tempo fora da delegacia, afastados uns dos outros, realizar videochamadas em vez de reuniões presenciais, utilizar viaturas individuais, e ter detetives resolvendo casos remotamente.

Sonia Munoz, uma assistente de custódia da prisão Twin Towers, em Los Angeles, contraiu o vírus no hospital de 184 camas para os prisioneiros, infectando também a irmã mais nova e o pai.

Munoz, de 38 anos, está agora a salvo e pesa menos cinco quilos. Transferida para uma posição de trabalho dentro de um escritório e trabalhando sozinha entre quatro paredes, sabe no entanto que vai ter de regressar para a zona dos detidos. "Terei que voltar para a boca do leão", considerou a assistente.

A sua mãe, a sobrinha de três anos e avó de 94 anos escaparam à doença, mas Munoz tem preocupações sobre uma nova infecção.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 211 mil mortos e infectou mais de três milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Os Estados Unidos são o país com mais mortos (56.253) e mais casos de infecção confirmados (cerca de um milhão).

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