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Oposição diz que não aceita novo acordo de paz com as Farc

Depois de uma reunião com representantes do governo, os uribistas disseram ainda não estar satisfeitos

Oposição diz que não aceita novo acordo 
de paz com as Farc
Notícias ao Minuto Brasil

18:58 - 22/11/16 por Folhapress

Mundo Colômbia

Depois de ter deixado o governo colombiano esperando por oito dias sobre qual era sua posição oficial com relação ao novo acordo de paz elaborado pelos negociadores do Estado e das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o Centro Democrático, partido do ex-presidente Álvaro Uribe, principal defensor do "não", resolveu se pronunciar contra o tratado.

Depois de uma reunião com representantes do governo, os uribistas disseram ainda não estar satisfeitos com a nova versão do documento, que acolheu algumas de suas sugestões, mas não tocou em pontos por eles considerados essenciais, como o impedimento da elegibilidade política dos ex-guerrilheiros, que permaneceu praticamente intacta, e o requisito de que os condenados cumprissem suas penas em algum tipo de prisão, senão numa comum, em colônias agrícolas.

Também ficaram as divergências com relação a como enquadrar o crime do narcotráfico. Governo e Farc consideram que os casos poderiam ser tratados caso a caso, enquanto os do "não" querem que seja considerado crime de lesa humanidade, portanto não-anistiável.

Durante o período de renegociação, após a rejeição do acordo em plebiscito popular, no último dia 2 de outubro, as Farc aceitaram algumas das mudanças propostas pelo grupo do "não" com relação à Justiça, colocando limites na atuação dos tribunais especiais, e com relação a oferecer um completo inventário de seus bens.

Porém, a guerrilha disse não abrir mão da possibilidade de concorrer a eleições e reafirmou que não querem ir à cadeia. Esses dois pontos não foram renegociados.

"Este novo acordo é apenas um retoque ao acordo que foi recusado pelos cidadãos", declarou o Centro Democrático em um comunicado.

O ex-presidente Uribe, então, apresentou nesta terça (22), uma nova proposta: quer dialogar diretamente com a guerrilha.

"Temos disposição de dialogar com o governo e as Farc sobre as modificações que pedimos. Queremos aproveitar a presença, em Bogotá, dos líderes das Farc, para isso", afirmou Uribe por meio de um comunicado.

De fato, o líder máximo da guerrilha, Rodrigo "Timochenko" Londoño, se encontra na capital colombiana, porém, o governo esperava que sua presença se limitasse apenas a participar de uma festiva nova assinatura de acordo. Por meio de seu porta-voz, Ricardo Téllez, as Farc se opuseram à ideia de conversar diretamente com os uribistas.

"Nosso interlocutor com o Estado colombiano continua sendo a equipe de negociadores", afirmou. "Consideramos a ideia de uma reunião com os uribistas apenas uma manobra para dilatar ainda mais a implementação do acordo, que se encontra num limbo, ou seja, num Estado muito frágil."

De fato, os guerrilheiros têm esperado uma definição de sua situação em acampamentos provisórios, sem a vigilância e a proteção que garantia o acordo original.

O governo também teme essa situação irregular que têm a guerrilha num limbo e pode provocar incidentes. O líder da equipe de negociadores, Humberto de la Calle, voltou a afirmar que as propostas do "não" foram ouvidas e a maioria delas acolhida. E que, de agora em diante, o texto "não está mais aberto a negociações. Não oferecemos aos do ´não´ a possibilidade de revisar o acordo."

O projeto do governo agora é seguir com o plano inicial: apresentar o texto ao parlamento e então decidir como será referendado, ou por meio de uma votação no Congresso ou por decreto presidencial.

Para os uribistas, a atitude do governo é desafiante e anti-institucional. Em entrevista à imprensa local nesta terça, o senador e pré-candidato à Presidência em 2018 pelo Centro Democrático, Iván Duque, disse: "Se o governo pretende impor esse acordo sem um consenso nacional, ignorando o resultado de 2 de outubro, e tentando usar manobras legislativas, estará desafiando a vontade popular expressa no último dia 2 de outubro."

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