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Cyril Ramaphosa é eleito novo presidente da África do Sul

Zuma renunciou depois de anos de escândalos que mancharam seu histórico como um dos líderes da luta pelo fim de apartheid ao lado de Mandela

Cyril Ramaphosa é eleito novo presidente da África do Sul
Notícias ao Minuto Brasil

12:30 - 15/02/18 por Folhapress

Mundo Governo

Um dia após a renúncia do então presidente Jacob Zuma, Cyril Ramaphosa foi escolhido pelo Parlamento da África do Sul nesta quinta-feira (15) para assumir a Presidência do país até o fim do atual mandato, em 2019.

Ramaphosa, que era vice de Zuma, era o único candidato à Presidência, já que partidos de oposição boicotaram a votação. A oposição desejava a dissolução do Parlamento e novas eleições.

Zuma renunciou depois de anos de escândalos que mancharam seu histórico como um dos líderes da luta pelo fim de apartheid ao lado de Nelson Mandela (1918-2013) e arranharam a imagem de seu partido, o CNA (Congresso Nacional Africano).

Mais cedo, legisladores do partido de oposição Lutadores da Liberdade Econômica deixaram o plenário, dizendo que a votação era ilegítima. Ramaphosa promete combater a corrupção, mas partidos de oposição como a Aliança Democrática dizem que o CNA protegeu Zuma por anos apesar das diversas acusações contra ele.

O CNA tem a maioria no Parlamento, porém, e conseguiu os votos para eleger Ramaphosa.

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ULTIMATO

As negociações pela saída de Zuma, eleito em 2009 e reeleito em 2014, se arrastavam havia dias. No fim de semana, segundo relatos da mídia sul-africana, ele já havia concordado em deixar o cargo, mas impusera condições.

A resposta do CNA veio sob a forma de ultimato, e como o presidente se recusava a atendê-lo, o partido anunciou que apoiaria o voto de desconfiança pedido pela oposição no Parlamento, o que na prática forçaria sua saída.

Ramaphosa havia vencido em dezembro a disputa para suceder Zuma no comando do CNA, partido que dirige a África do Sul desde o fim do apartheid, em 1994. Parte da cúpula do CNA teme que a derrocada do agora ex-presidente prejudique o partido nas próximas eleições, abrindo espaço para a ascensão de uma oposição que nunca esteve no poder.

DENÚNCIAS

Ex-companheiro de prisão de Mandela (passou dez anos em Robben Island, até 1973), controverso, carismático e polígamo, Zuma, 75, é investigado por corrupção e foi absolvido, em 2006, de uma acusação de estupro.

Também está sob escrutínio sua ligação com a família Gupta, dona de um conglomerado que abrange de mineração à aviação civil, tecnologia e energia e emprega 10 mil pessoas, com receita anual de US$ 22 milhões.

Os Gupta, de origem indiana, são acusados de subornar autoridades para obter contratos públicos e de influenciar a escolha do gabinete. Uma operação policial nesta quarta e quinta que tem a família como alvo já prendeu oito pessoas -eles negam as acusações, assim como Zuma.

Zuma é objeto de também denúncias que envolvem reformas feitas em sua casa pagas com dinheiro público. Em 2016, o então presidente enfrentou uma votação de impeachment e venceu.

CRISE POLÍTICA ABALA O PAÍS

Em 2016, a Suprema Corte da África do Sul afirmou que Zuma violou a Constituição ao não devolver ao governo as verbas públicas usadas em reformas (no valor total de R$ 50 mi) de sua casa, que incluíram a construção de uma piscina e de um anfiteatro.

LIGAÇÃO COM OS GUPTA

A milionária família de origem indiana foi alvo de uma operação da polícia nesta quarta (14). Os Gupta são suspeitos de pagar propinas em troca de contratos com o governo Zuma, além de tentar influenciar o presidente com indicações para cargos ministeriais.

PROPINAS E ARMAS

Caso que foi retomado pela Suprema Corte em 2016 e diz respeito a propinas que Zuma teria recebido em 1999, quando era vice-presidente e negociou uma compra de armamentos que totalizou US$ 2,5 bilhões, em valores atualizados. Segundo um ex-advogado da fabricante francesa Thales, teria sido oferecido a Zuma um suborno anual de 500 mil rands (US$ 81 mil em 1999 ou US$ 41 mil hoje).

O QUE DIZ ZUMA

Ele nega qualquer irregularidade e se diz vítima de uma injustiça cometida por seu partido. Com informações da Folhapress.

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