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Ala do PSDB vai sugerir candidatura própria após desistência de Doria

Eduardo Leite (RS) e Tasso Jereissati (CE) são vistos como opções na disputa presidencial

Ala do PSDB vai sugerir candidatura própria após desistência de Doria
Notícias ao Minuto Brasil

22:36 - 23/05/22 por Estadao Conteudo

Política Eleições 2022

Uma ala do PSDB vai sugerir que o partido considere o ex-governador Eduardo Leite (RS) e o senador Tasso Jereissati (CE) como opções na disputa presidencial, criando um novo impasse na sigla após a desistência de João Doria.

O pedido contraria um acordo firmado pelas cúpulas do PSDB, MDB e Cidadania de apoio à senadora Simone Tebet (MDB-MS) como cabeça de chapa, como defende o presidente da sigla tucana, Bruno Araújo. Tasso também é citado por parte do PSDB como candidato a vice da emedebista, de quem é próximo no Senado.

Uma reunião que aconteceria nesta terça-feira, 24, e sacramentaria o apoio tucano à pré-candidatura de Simone foi cancelada. Pelo roteiro planejado por Araújo, a ideia seria reunir a Executiva do PSDB nesta terça e anunciar uma aliança com Simone, que também contaria com o endosso do Cidadania.

O principal argumento do grupo que resiste a uma aliança com Simone neste momento é que a candidatura dela possa ser rifada pelo MDB no período das convenções, que vai de julho a agosto, o que deixaria o PSDB à deriva nas vésperas do início da campanha. O MDB contém alas regionais que apoiam o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Temos que esperar a homologação por parte da Executiva do MDB do nome da Simone. Amanhã (terça-feira) o MDB se reúne, delibera sobre essa questão, não deixando nenhuma dúvida quanto a sua candidatura para que depois a gente faça isso diante da Executiva (do PSDB)", disse o secretário-geral do PSDB, deputado Beto Pereira (MS), ao Estadão.

Mesmo com o adiamento da reunião do PSDB, a Executiva do MDB vai confirmar, nesta terça-feira, 24, a pré-candidatura de Simone Tebet à Presidência. As alianças, porém, devem ser anunciadas mais adiante.

Simone ganhou o apoio do ex-presidente do MDB Romero Jucá (RR). "O MDB precisa ter a condição de colocar para a sociedade brasileira o que pensa e o que defende na economia, na política, nos programas sociais. Partido que não disputa eleição não forma time", disse Jucá.

O ex-senador comemorou a possibilidade de o PSDB e o Cidadania apoiarem a pré-candidatura de Tebet, embora haja divergências nesses partidos sobre os próximos passos. "O apoio do PSDB e do Cidadania é muito importante. Portanto, temos aí a construção de um caminho alternativo posto pela sociedade brasileira", afirmou.

Há consenso dentro das Executivas do MDB e do Cidadania por apoio a Tebet, mas um grupo do PSDB, composto pelos ex-presidentes do partido Aécio Neves e José Aníbal, ainda tenta fazer valer a ideia de candidatura própria tucana.

Aníbal citou Leite e Tasso como opções, mas admitiu que Tasso ainda precisa ser convencido a disputar o Planalto. Durante reunião do partido na semana passada, o senador disse que "não está no projeto de vida" ser candidato a presidente e nem a vice de Tebet. "Tasso tem muita resistência e até resistência da família, mas vamos esperar", afirmou Aníbal.

Já Araújo afirmou que o PSDB não deve ter candidato próprio à Presidência. "Claro que como presidente do PSDB eu gostaria muito que tivéssemos uma candidatura própria, mas há algo maior do que tudo isso, há algo maior que a vontade de João Doria, algo maior que minha vontade", disse em entrevista coletiva em São Paulo após o pronunciamento de Doria.

"O Brasil não precisa de mais divisão interna. O gesto de João Doria hoje nos obriga moralmente. Nos mostra que o projeto está acima de tudo, e quem fizer um movimento diferente desse está demonstrando que tem mais compromisso com si mesmo do que com um projeto de Brasil", completou.

Araújo chegou a ser escolhido coordenador da pré-campanha de Doria, mas passou a trabalhar contra a candidatura presidencial do paulista. A avaliação é que a rejeição de Doria atrapalharia os planos de reeleição do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), e consequentemente tiraria um tucano do comando do maior Estado do País.

Já o senador Renan Calheiros (MDB-AL) minimizou o peso de eventual aliança do PSDB com Simone e disse que a legenda deve apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou liberar os diretórios.

"O que significa o apoio do PSDB? O PSDB acabou de 'cristianizar' o candidato que legitimamente ganhou as prévias", declarou Renan ao Estadão, numa referência à desistência do ex-governador de São Paulo João Doria, após ser abandonado pelo partido. "Não tem nenhuma vinculação com essa questão de PSDB, de Doria. O MDB gostaria muito de ter um candidato competitivo, de modo a ajudar a alavancar os palanques estaduais. Qual o desafio? Mudar a fotografia das pesquisas. Se isso não acontecer, não se justifica a candidatura", completou ele.

O presidente do Cidadania, Roberto Freire, afirmou que o grupo que rejeita uma aliança com Tebet é minoritário e que uma aliança será anunciada formalmente amanhã.

"Nós tivemos uma reunião e fizemos um indicativo. Esse gesto de João Doria tem a ver com o indicativo que foi feito, ele julgou que ser a favor do Brasil neste momento é retirar a candidatura dele. Não fez isso para nada, não, para que a gente continuasse discutindo candidato", disse Freire ao Estadão.

Sobre a possibilidade de o PSDB ou o Cidadania indicarem o candidato a vice, o dirigente afirmou que o assunto ainda vai ser melhor debatido. "Quem é que está com vice? O único que tem é Lula e que fez por pressões internas mal esclarecidas. Temos tempo", declarou. O PSDB e o Cidadania vão formar uma federação, o que significa que precisam ter a mesma posição em todas eleições nacionais, estaduais e municipais por quatro anos, além de precisarem agir como uma bancada só no Congresso.

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