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CCR conquista outra linha de metrô em SP com o monotrilho da linha 15

Com histórico de falhas e atrasos, linha ainda não está pronta e Estado vai pagar defasagem de passageiros

CCR conquista outra linha de metrô em SP com o monotrilho da linha 15
Notícias ao Minuto Brasil

19:30 - 11/03/19 por Folhapress

Brasil Sem concorrência

FABRÍCIO LOBEL - SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após um leilão sem concorrentes nesta segunda-feira (11), ocorrido na sede da Bolsa de Valores de São Paulo, a CCR conseguiu a concessão de mais uma linha de metrô na capital paulista. Desta vez, a gigante do ramo de transporte e logística deu a única proposta para a concessão da linha 15-prata, do monotrilho da zona leste.

Recentemente, uma empresa do grupo empresarial reconheceu o pagamento de propina a políticos do PSDB no estado do Paraná e negociou um acordo de leniência com a força-tarefa da Lava Jato.

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A linha 15-prata tem um extenso histórico de falhas e atrasos e ainda não está pronto. O transtorno mais recente foi o acidente entre dois carros do monotrilho que colidiram numa área de manobra. As duas composições estavam vazias, com exceção do maquinista.

Dias antes, uma peça do monotrilho caiu do alto da estrutura suspensa por pilastras.

Esse monotrilho está em construção desde 2011 e o seu primeiro trecho de dez estações deveria ter sido entregue, da Vila Prudente até São Mateus, em 2014. A segunda etapa da obra, que prevê mais sete estações até o bairro de Cidade Tiradentes, está com a construção suspensa.

Só para chegar até o bairro de Iguatemi, no meio do caminho até Cidade Tiradentes, a obra custa R$ 5,2 bilhões.

Em 2017, o Metrô estimava que o monotrilho chegaria a São Mateus em junho de 2018. A previsão fracassou e agora o governo fala que todo o trajeto ficará pronto até o final deste ano.

Com o leilão, a CCR passa a operar o mesmo número de linhas do que o Governo do Estado de São Paulo, por meio do Metrô. A CCR tem ainda na carteira a futura operação do monotrilho da linha 17-ouro, que ainda está em construção e que deverá ligar o aeroporto de Congonhas à estação Morumbi da CPTM, na linha 9-esmeralda.

Seguirá com o Metrô a operação das linhas mais antigas e fortemente vinculadas à história do Metrô na cidade, a 1-azul, 2-verde e 3-vermelha.

Ainda assim, desde o governo tucano de Geraldo Alckmin, se estuda a concessão também da linha 2-verde, que passa sob a avenida Paulista e tem planos de expansão até a linha 3-vermelha, na zona leste.

O atual governo tucano João Doria também diz estudar essa concessão.

O edital da concessão do monotrilho da linha 15-prata previa o pagamento de uma outorga mínima de R$ 159 milhões. Esse volume de recursos equivale ao lucro do consórcio da ViaQuatro no ano de 2017 (R$ 158 milhões).

O valor é ainda equivalente a 3% dos R$ 5,2 bilhões investidos na estrutura do monotrilho pelo governo do Estado. Para o sindicato dos metroviários, o descompasso dos dois valores significa um prejuízo ao interesse público.

No futuro, com a linha inteira entregue e funcionando a pleno vapor, o monotrilho deve receber cerca de 405 mil passageiros por dia útil. A demanda equivale a pelo menos 109 milhões de passageiros ano (em dias úteis). Com uma remuneração garantida de R$ 1,70 por passageiro transportado, a concessionária terá uma arrecadação superior a R$ 186 milhões em um ano de operação plena.

Mas por enquanto, o máximo que a linha já recebeu em um dia foi 37 mil passageiros (contra a expectativa de 405 quando as obras forem completas). Essa defasagem de passageiros, porém, será bancada pelo governo do estado para a nova concessionária.

Assim, enquanto, a linha não tiver todas suas estações entregues e a demanda projetada, o governo garante o ressarcimento pelos passageiros não transportados.

É o que aconteceu com a linha 4-amarela, que até hoje não está completa e teve seguidos atrasos na entrega de suas estações. A CCR cobra o governo por deixar de lucrar sobre os passageiros não transportados, devido a demora da entrega de estações. Da última vez que comentou essa dívida, a CCR informou que cobrava mais de R$ 500 milhões do governo do Estado.

Ou seja, o Estado, além de não entregar a tempo as estações que poderiam ser utilizadas pela população, ainda tem que arcar com o prejuízo financeiro de multas pagas à concessionária que o próprio governo decidiu contratar.

Por isso, o sindicato dos metroviários diz que não há sentido em conceder uma linha ainda em obras e sujeita a novos atrasos.

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