Ao todo, o prédio de dois andares tem 522 metros quadrados. O vice-diretor da sociedade, Aslan Loyola, que ficará responsável pela gestão do centro, explicou que além de ser a sede do bloco carnavalesco local, Prata Preta, o espaço vai oferecer uma série de atividades para os moradores. “Pretendemos criar cursos pré-vestibular, de dança de salão, bailes, além de atividades gratuitas para os moradores, como cursos de teatro.”

Ex-moradora do bairro, a aposentada Vera Maria Fernandes, 62 anos, frequentava na juventude o espaço, que funcionou como centro cultural e artístico até meados de 1980. “Vinha muito aos bailes. Saía da praia, no domingo, me arrumava, fazia toquinha no cabelo para estar aqui às 19h e dançar até as 22h”, lembrou ela. “Roberto Carlos começou os primeiros passos aqui, assim como os Golden Boys, o Tim Maia. Muita gente importante participou disso aqui, alguns nem estão entre nós”, acrescentou. Outras personalidades como Dercy Gonçalves e Wanderlea se apresentaram no clube.

Na exposição de reinauguração é possível conhecer a história do clube, com fotos e outros materiais. O nome da sociedade é uma homenagem Fraçois Joseph Talma, dramaturgo francês e amigo de Napoleão Bonaparte que exercer grande influência sobre o teatro europeu.

O presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Porto do Rio de Janeiro, Alberto Gomes Silva, responsável pela recuperação da área, explicou que a medida faz parte do processo de revitalização da região. "Nossa tarefa foi não só recuperar um imóvel que está dentro de uma área de preservação, mas principalmente trazer à luz a memória da região e valorizar a cultura local. O Talma tem mais de 100 anos e era muito frequentado pelos moradores”, explicou ele. “Eles agora recuperaram um local de lazer e de convivência para fortalecer esses laços e esse estilo de vida que é bem próprio daqui”, completou ele ao anunciar que o próximo patrimônio da região a ser reinaugurado, no início de 2014, será a Igreja de São Francisco da Prainha, construída em 1696, que está sendo restaurada.

Às margens da Baía de Guanabara, o bairro da Saúde é tomado de sobrados do século 18, a maioria em mau estado de preservação. Local onde nasceu a cidade do Rio, a região voltou a receber investimentos públicos e privados há alguns anos, após décadas de abandono. Em 2010, a localidade passou a ser Área de Proteção Urbano-Cultural (Apruc).