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Analista alemão diz que impeachment não é golpe

Hauke Hartmann diz, porém, que processo pode enfraquecer as instituições políticas do país

Analista alemão diz que impeachment não é golpe
Notícias ao Minuto Brasil

17:38 - 26/04/16 por Notícias Ao Minuto

Política Impeachment

O processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff não é golpe, mas poderá enfraquecer as instituições políticas do Brasil. A opinião é do analista Hauke Hartmann, da Fundação Bertelsmann, da Alemanha.

A afirmação foi feita nesta terça (26) em Washington, durante o lançamento do Índice de Transformação Bertelsmann (BTI, na sigla em inglês), que mede a consolidação democrática e da economia de mercado em 129 países em desenvolvimento.

Na comparação com o último BTI, de 2014, o Brasil caiu posições nos três indicadores usados: transformação política, transformação econômica e qualidade de governança. Para Hartmann, o processo em andamento para cassar o mandato da presidente Dilma é maculado pelas acusações de corrupção contra políticos que o conduzem, e deu como exemplo o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.

"Certamente não é um golpe de Estado, está seguindo a letra da lei. Outra questão é se está seguindo o espírito da lei, porque alguns dos principais responsáveis estão envolvidos em casos de corrupção", disse à reportagem. "É de se perguntar quem tem credibilidade política no Brasil atualmente para atirar a primeira pedra."

Hartmann não acredita que a democracia brasileira esteja sob risco, como foi levantado durante o debate no lançamento do estudo, mas acha que ela pode sofrer um baque. "Um ano atrás eu diria que esta é uma crise que pode fortalecer a democracia brasileira, porque leva a uma participação maior da sociedade civil. Agora não tenho tanta certeza, estou pensando se esse processo pode minar o funcionamento das instituições políticas no Brasil. E isso é algo que tem preocupado muito os observadores do Brasil", afirmou.

NOTAS RUINS

No ranking do BTI de 2016, o Brasil teve piores notas nos três principais indicadores em relação ao estudo de 2014. A maior queda foi no quesito governança, em que o país deixou o grupo de países com desempenho classificado como "muito bom". A nota do país nesse item foi rebaixada de 7,3 para 6,7 (numa escala de 0 a 10). Para o estudo, o desafio de tirar a economia brasileira da recessão é "assustador", e exige um governo forte para implementar as reformas necessárias.

"O Brasil está numa situação econômica difícil, que requer um reajuste estrutural", diz o relatório. "Reformas estruturais na economia e uma liderança forte são necessárias para restaurar a confiança dos investidores e evitar maior deterioração dos principais indicadores econômicos".

Hauke Hartmann diz que "ficará surpreso" se a pobreza não tiver um aumento significativo no Brasil, revertendo em parte os ganhos sociais da época da alta nos preços das commodities, quando o país crescia e distribuía renda.

"O Brasil é um enigma. É um país que deu os passos certos, que investiu de forma sábia a receita das commodities em programas sociais. O único erro é que a política macroeconômica não foi bem manejada. Houve extraordinárias conquistas democráticas e sociais, mas as dificuldades que o Brasil vive são de certa forma autoinfligidas, por não ter dado a atenção devida à estabilidade macroeconômica", afirmou. Com informações da Folhapress.

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