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Corretora de imóveis de 28 anos morre após plástica, no interior de SP

A morte cerebral de Natacha foi constatada na quarta-feira (9) no hospital Universitário São Francisco de Assis, no município vizinho, Bragança Paulista.

Corretora de imóveis de 28 anos morre após plástica, no interior de SP
Notícias ao Minuto Brasil

10:30 - 11/03/22 por Folhapress

Brasil MORTE-SP

(UOL/FOLHAPRESS) - A Polícia Civil de Piracaia (SP), a 91 km da capital, instaurou inquérito para investigar a morte da corretora de imóveis Natacha Lopes Silvério, 28, após uma cirurgia plástica para colocar próteses de silicone nos seios.

A morte cerebral de Natacha foi constatada na quarta-feira (9) no hospital Universitário São Francisco de Assis, no município vizinho, Bragança Paulista.

Segundo o atestado de óbito, após o procedimento, Natacha apresentou insuficiência respiratória aguda, encefalopatia hipóxico-isquêmica (redução de oxigênio no sangue) e tromboembolismo pulmonar –obstrução da artéria pulmonar.
Natacha estava internada desde o dia do procedimento, em 27 de fevereiro. Na cirurgia, a jovem colocou duas próteses de silicone de 380 ml cada, em um centro cirúrgico alugado pelo médico Pietro Petri no Hospital Misericórdia São Vicente de Paula, em Piracaia.
Segundo o advogado Carlos Henrique da Silva Cabral, que representa a família da corretora, houve negligência durante o procedimento estético. Ele alega que, minutos após a cirurgia, a mulher foi deixada sozinha no centro cirúrgico, onde teria passado mal e sofrido uma parada cardiorrespiratória.
"No prontuário médico diz que, logo após a cirurgia, que durou apenas 35 minutos, a Natacha se queixou de dor de cabeça, mas o médico teria dito que era normal. Não sabemos quanto tempo ela ficou sozinha no centro cirúrgico, mas lá, ela teve uma parada cardiorrespiratória e não se sabe quanto tempo demorou até que fosse socorrida", pontua.
Ainda segundo o advogado, uma médica que atua no hospital foi quem socorreu e reanimou Natacha. O médico responsável pela cirurgia só teria chegado ao local quando a paciente já estava reanimada.
O advogado explica ainda que Natacha deu entrada sozinha no hospital e não havia comunicado os familiares sobre o procedimento estético. "Não foram solicitados exames cardíacos pré-operatórios. O único exame que ela fez foi um hemograma. Além disso, deveriam exigir que um acompanhante estivesse no local durante a cirurgia", acrescenta o advogado.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) explicou que a polícia vem acompanhando o caso e testemunhas já começaram a ser ouvidas. Além disso, também foi solicitado a quebra do sigilo telefônico de Natacha, imagens e documentos do procedimento ao hospital para auxiliar no esclarecimento do fato.
"O caso foi registrado pela polícia como lesão corporal grave, mas já entrei com o pedido de mudança da tipificação, queremos que o médico responda por homicídio culposo", acrescenta o advogado.
Natacha era mãe de três filhos, um bebê de oito meses e duas crianças de 4 e 6 anos. O corpo da corretora será enterrado na sexta-feira (11), às 11h, no cemitério de Nazaré Paulista.
O médico Pietro Petri foi o responsável pelo procedimento. A reportagem entrou em contato com ele, mas o profissional alegou estar abalado e sendo medicado e informou que não se manifestaria sobre o ocorrido.
Em nota, a defesa do médico explicou que não houve negligência por parte do profissional nem intercorrências no procedimento cirúrgico de Natacha e defendeu que as complicações apresentadas pela paciente não tiveram relação com o procedimento.
"O médico Pietro Petri lamenta muito o ocorrido, mas de maneira diversa ao alegado, não houve qualquer negligência, imprudência ou imperícia na condução do procedimento cirúrgico por ele realizado. A cirurgia em questão transcorreu sem qualquer intercorrência intraoperatória, sendo que a complicação apresentada pela Sra. Natacha Lopes Silvério não guarda relação direta com a mesma. O referido profissional esclarece que após constada a intercorrência prestou toda a assistência médica à paciente e aos seus familiares. Para maior esclarecimento, aguarda o resultado da necropsia".
A reportagem também procurou a Sociedade Brasileira de Cirurgia plástica; no entanto, a entidade explicou que "o médico citado não faz parte da SBCP, portanto não é especialista em cirurgia plástica".
Em nota, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) informou que vai investigar o caso após tomar conhecimento da situação.
"O Conselho esclarece ainda que, apesar de poder prestar atendimento, sem especialidade, desde que se responsabilize pelos seus atos, o médico está impedido de se intitular e/ou divulgar títulos de especialidade que não tenham sido devidamente registrados junto ao Cremesp".
Segundo o Cremesp, essa não é a primeira vez que há denúncias contra o médico. O profissional foi penalizado por duas vezes, porém o Conselho não deu detalhes sobre os casos.
"O profissional possui duas penas publicadas no Diário Oficial da União (DOU) de censura pública por infringir o código de ética médica, nos Conselhos Regionais de Medicina de São Paulo e do Paraná. Por questões legais, o Cremesp só pode divulgar a pena de um profissional médico quando esta for transitada em julgado e publicada no DOU", disse órgão em nota.

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