A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, se emocionou ao discursar na abertura de um evento sobre a escravidão contemporânea na sede da Procuradoria-Geral da República (PGR) nesta terça-feira (6). Segundo a procuradora, o combate ao trabalho escravo é uma das prioridades do Ministério Público Federal (MPF).

Em sua fala, como cita o 'G1', Dodge lembrou a portaria editada pelo governo do presidente Michel Temer em 2017 que trata sobre o assunto.

Em outubro do ano passado, o governo editou as regras vigentes sobre trabalho escravo que, se entrassem em vigor, tornariam mais difícil caracterizar a prática. Depois de ser alvo de críticas, o governo voltou atrás: definições de jornada exaustiva e condição degradante foram revisadas, além de ter ampliado outros conceitos para a configuração desse tipo de mão de obra.

"Tem sido uma missão muito difícil, uma missão com retrocessos e avanços. Retrocessos semelhantes ao que tivemos ao final do ano com a edição de uma portaria que interferia no conceito de escravidão moderna", recordou Dodge.

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A procuradora aproveitou para criticar as penas brandas aplicadas para casos envolvendo trabalho escravo, que, segundo ela, levam à sensação de impunidade. "A violência não cessou, a escravidão não diminuiu, testemunhas continuam sendo assassinadas e a justiça ainda está por ser feita. [...] O caminho é longo", lamentou.

Ao final, Dodge chorou e foi aplaudida pelo público presente.

Que este momento seja o momento de realmente reafirmarmos o nosso compromisso contra o trabalho escravo, contra a impunidade, em favor da educação das pessoas que se encontram numa situação de vulnerabilidade que as tornam presas da escravidão para que elas possam realmente romper esse ciclo de fragilidade e possam assumir a plena cidadania que lhes garante a Constituição do estado brasileiro. Esse é nosso dever, não fazemos nisso tudo mais do que nosso trabalho, mas temos sempre que fazê-lo com muito gosto, com muito empenho, com muito foco e com muita prioridade. Queria que soubessem que nesses próximos dois anos, não sei porque sempre me emociono, esta é uma prioridade."