Coronel diz que é preciso "impor regras" nos presídios do país
Cofundador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Humberto Viana estima que
© Nacho Doce/Reuters
Justiça Entrevista
A tensão na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na Grande Natal, não vai arrefecer agora que um batalhão especial da Polícia Militar entrou na unidade. A previsão é do coronel Humberto Viana, um dos fundadores do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Para o especialista, que foi ainda secretário de administração penitenciária de Pernambuco, a pacificação da unidade requer tempo e regras.
"No Rio Grande do Norte estão fazendo rebelião com a polícia na porta, não estão respeitando. Sou humanista, não quero violência, mas é necessário impor regras", opinou em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.
Apesar de admitir o quanto é complicado para a Polícia Militar tomar um presídio e permanecer nele, Viana acredita que não adianta estipular um ou doius meses de ação. "Tem de ficar quanto for necessário". Viana chama a atenção também para a importância de estabelecer uma rotina no complexo prisional, o maior do Rio Grande do Norte.
Os líderes das facções rivais, responsáveis pelos conflitos, devem ser transferidos. É impensável, para Humberto Viana, que detentos de periculosidade distintas fiquem juntos. Os mais perigosos devem ser transferidos às unidades de segurança máxima. "Mas a retirada de lideranças de presídios não é simples. Podem se amotinar e gerar mais problemas", alertou.
O especialista listou ainda dois dos principais motivadores da crise prisional do país: a superlotação e "a necessidade de conter a violência dentro dos presídios, que é a prioridade agora. É o que está apavorando a sociedade, com muitas mortes". Segundo Humberto Viana, a corrupção que faz com que presos circulem livres ou tenham acesso a celulares precisa ser combatida, mas o ponto principal é manter a ordem.
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