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Baguete francesa ganha status de patrimônio cultural imaterial da Unesco

A baguete francesa entrou na lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, cuja edição de 2022 foi divulgada nesta quarta pela Unesco

Baguete francesa ganha status de patrimônio cultural imaterial da Unesco
Notícias ao Minuto Brasil

07:05 - 01/12/22 por Folhapress

Mundo Patrimônio

MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) - A partir desta quarta-feira (30), o pão francês está no mesmo nível do bumba-meu-boi maranhense, do frevo recifense e das rodas de capoeira. Mas não se trata do pãozinho comprado em qualquer padaria do Brasil, e sim da baguete feita na França –aquele pão comprido no passado chamado de bengala.

Pois a baguete francesa entrou na lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, cuja edição de 2022 foi divulgada nesta quarta pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

A relação existe desde 2008 e, nesses 15 anos, a entidade elegeu cerca de 600 manifestações culturais pelo mundo, a exemplo das já citadas do Brasil e outras como a arte dos contadores de histórias turcos (em 2008), o fado português (em 2011) ou os três alfabetos em uso atualmente na Geórgia (em 2016).

No caso da baguete francesa, a lista incluiu não o pão em si, mas o fazer artesanal e a cultura que envolve o produto. Na justificativa para a inclusão, a Unesco anotou: "O processo de produção tradicional envolve pesar os ingredientes, misturar, amassar, fermentar, dividir, relaxar, moldar manualmente, segunda fermentação, marcar a massa com cortes rasos (assinatura do padeiro) e assar. Ao contrário de outros pães, a baguete é feita com apenas quatro ingredientes (farinha, água, sal e fermento), dos quais cada padeiro obtém um produto único".

Em relação à cultura das baguetes, o texto lembra que "elas também geram modos de consumo e práticas sociais que as diferenciam de outros tipos de pão, como visitas diárias a padarias para comprar os pães e expositores específicos para combinar com sua forma longa. A baguete é consumida em diversos contextos, inclusive durante as refeições em família, em restaurantes, cantinas de trabalho e escolas".

Segundo diferentes fontes, de 6 bilhões a 10 bilhões de baguetes são consumidas a cada ano na França –o que significa que, todo dia, os franceses comem entre 16 milhões e 27 milhões de unidades. Para um país com 67 milhões de habitantes, isso dá cerca de uma baguete por família todos os dias.

Mas a cultura vai mais longe. Em praticamente todos os filmes de François Truffaut (1932-1984), que retratou como ninguém a vida cotidiana do país, é possível ver um personagem andando com uma baguete embaixo do sovaco ou carregando um saco pardo de compras com uma delas querendo cair.

Quando a França inscreveu a bengala para tentar entrar na lista da Unesco, em março do ano passado, o presidente da associação francesa dos padeiros, Dominique Anract, disse à agência de notícias Reuters: "A primeira incumbência que damos a uma criança é mandá-la comprar uma baguete na padaria".

Dá até a impressão que a baguete é uma cultura de muitos séculos na França, como os queijos e os vinhos, mas nem tanto. A receita foi criada no século 19, e seu nome só foi oficializado em 1920. O padrão escolhido, de 250 gramas e 80 centímetros, caiu no gosto popular em meados do século 20.

"A baguete é farinha, água, sal, fermento -e o know-how, do artesão", escreveu nesta quarta o presidente dos padeiros. Já a padeira parisiense Priscilla Hayertz resumiu à agência AFP: "É básico, mas chega a todas as classes sociais, seja você rico ou pobre. Não importa, todo mundo come baguetes".

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