Aliados de Dilma Rousseff e Michel Temer: guerra de versões em Portugal
No encontro da cúpula da Assembleia Parlamentar Euro-Latino-América, parlamentares pró e contra o impeachment "lutam" para influenciar as opiniões da comunidade internacional
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Mundo Exterior
Em Lisboa, a
Assembleia de Portugal se transformou,
nesta segunda-feira (16),
em uma tribuna
para que parlamentares brasileiros favoráveis e contra
ao impeachment de Dilma
Rousseff
defendessem suas ideias, para
tentar
influenciar as opiniões da comunidade internacional sobre o processo contra a
petista.
O encontro da
cúpula da Assembleia Parlamentar Euro-Latino-América (EuroLat),
que ocorre até a quarta-feira (18) na capital portuguesa, reúne cerca de 120 parlamentares europeus e latino-americanos que discutirão, entre outros temas, o processo de paz na Colômbia, a transparência fiscal e a luta contra a fraude (ligada aos
Panama
Papers), os fluxos migratórios e as negociações entre o Mercosul e a União Europeia.
Porém, segundo a BBC Brasil, a
crise política brasileira,
roubou a cena no primeiro dia
das
discussões, abrindo espaço para o "cabo de guerra".
“A comunidade internacional quer falar sobre o Brasil, quer debater e entender o que está acontecendo no nosso País. Nós viemos a Lisboa para explicar a eles, porque sabemos que não é fácil entender esse processo”, disse
o senador
Lindbergh
Farias (PT-RJ), que viajou acompanhado das colegas Vanessa
Grazziotin
(PCdoB-AM),
Gleisi
Hoffmann (PT-PR),
Lídice
da Mata (PSB-BA) e Roberto Requião (PMDB-PR).
O
petista
complementa:
“Não foi por acaso que trouxemos o principal time de defensores da presidente Dilma na comissão do impeachment. Nós temos certeza de que vamos sair de Portugal com uma postura forte da comunidade internacional contra o golpe, e isso será fundamental para reverter a situação atual”.
Os
defensores do afastamento da
petista
também apresentaram aos colegas de outros países seus pontos de vista
para alçar Michel Temer à Presidência da República, mas em menor número.
O senador José Medeiros (PSD-MT) defendeu a legalidade do processo. “Precisamos reforçar fora do Brasil que tudo o que aconteceu nesse processo, desde o começo até agora, está de acordo com a Constituição brasileira”, disse no plenário do fórum latino-americano, que abriu o evento.
“Vim a Portugal porque sabia que a maioria dos parlamentares brasileiros defenderia aqui que o impeachment é um golpe, e todos sabemos que isso não é verdade. Estamos no meio de um processo constitucional que conta com a aprovação da maioria da população e a comunidade internacional tem de saber disso”, afirmou
deputado
Hiran
Gonçalves (PP-RR).
Os aliados de Dilma, que estavam em maior número,
encontraram apoio entre parte dos latino-americanos. “Nós estamos muito preocupados com a situação política do Brasil e reforçamos o nosso posicionamento de não reconhecer o governo de Michel Temer”, declarou
o uruguaio Daniel
Gaggiani.
“Precisamos manifestar nossa apreensão sobre o momento da política brasileira. O mundo todo testemunhou quando um deputado (Jair
Bolsonaro) dedicou seu voto no impeachment ao torturador de Dilma
Rousseff. Esse já é um claro indicativo de que estamos diante de uma questão grave”, argumentou
a parlamentar argentina
Julia
Perié.
No discorrer do evento, o deputado
Hiran
Gonçalves
defendeu que a comunidade internacional mantenha a neutralidade. Por outro lado, os aliados da presidente afastada propuseram, por exemplo, a criação de um Observatório Internacional para acompanhar o processo.
“Será muito importante ter um Observatório acompanhando tudo de perto, até para que a comunidade internacional tenha ciência do que está acontecendo”, justificou
a senadora
Gleisi
Hoffmann.
O senador
Lindbergh
Farias
busca convencer o
governoportuguês
a se posicionar oficialmente contra o impedimento.
O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, fará um pronunciamento nesta terça-feira (17) ao lado de Requião, copresidente da
EuroLat.
Presidindo o evento na segunda, o
peemedebista
reafirmou sua posição contra
o impeachment: "Nenhum país reconheceu até agora o governo Temer e isso não é sem motivo. Não podemos usar um instrumento judicial discutível para trocar uma política econômica desenvolvimentista por uma política neoliberal, sem que o povo seja consultado", disse Requião.