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Por amor, homem vai de bicicleta da Índia à Suécia

Mahanandia pedalou por cinco meses e diz não entender 'por que as pessoas acham que foi uma grande coisa vir de bicicleta para a Europa'

Por amor, homem vai de bicicleta da Índia à Suécia
Notícias ao Minuto Brasil

11:42 - 03/03/17 por Notícias Ao Minuto

Mundo Astrologia

O artista indiano PK Mahanandia e a turista sueca Charlotte Von Schedvin se conhecerem em Nova Déli, em 1975. Em viagem à Índia, Charlotte resolveu aceitar a oferta do jovem artista de "fazer um retrato em 10 minutos", como dizia Mahanandia na divulgação do seu serviço. Foi aí que um grande romance começou.

Como o resultado do retrato não agradou a turista, ela voltou ao local no dia seguinte para refazê-lo. Mas, mesmo assim, o resultado não foi satisfatório. O artista se defendeu dizendo que uma previsão que a mãe dele havia feito anos mais cedo o deixara preocupado, atrapalhando o seu desempenho.

Por ser de uma casta inferior, Mahanandia sofria discriminação de seus colegas da escola. Sempre que estava triste, a mãe lhe dizia que, segundo o horóscopo, no futuro, ele iria se casar com uma mulher "do signo de Touro, vinda de uma terra distante, musical e que será dona de uma floresta".

Quando o artista conheceu Charlotte, ele logo se lembrou das previsões da mãe e perguntou se ela tinha uma floresta. De família nobre, Charlotte contou que tinha, sim, uma floresta e que não era só "musical", como também gostava de tocar piano. Para finalizar, ela também é de Touro.

"Tinha uma voz dentro de mim que dizia que ela era a predestinada", disse Mahanandia à BBC. "Nesse primeiro encontro, fomos atraídos um pelo outro como ímãs. Foi amor à primeira vista", contou.

A sueca quis saber o porque das perguntas e, depois de algum tempo, aceitou ir com ele até Orissa. Lá, o casal foi visitar o templo Konark, dedicado ao sol e considerado um Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco.

"Fiquei comovida quando PK me mostrou o Konark. Eu lembrava daquela imagem do templo de pedra em um quadro no meu quarto de estudante, em Londres, mas não tinha ideia de onde ficava. E lá estava eu, diante dele", disse.

Os dois se apaixonaram, se casaram de acordo com a tradição tribal e retornaram juntos a Nova Déli.

Charlotte tinha ido da Suécia para a Índia de carro com amigos, em um itinerário de 22 dias, conhecido como "trilha hippie". Ela teve de voltar com os amigos e combinou de esperar por ele em Boras, a cidade onde morava.

O artista, no entanto, não conseguia juntar dinheiro para comprar uma passagem de avião. Depois de um ano se correspondendo por carta, Mahanandia decidiu vender tudo o que tinha e comprar uma bicicleta para ir em direção da amada dele pela mesma "trilha hippie".

A viagem começou em 22 de janeiro de 1977. Ele pedalava diariamente cerca de 70 quilômetros e fazia retratos para ganhar dinheiro. Como não precisava de visto para circular entre os países, a viagem foi mais tranquila do que seria hoje em dia, mas enfrentou dificuldades de comunicação, além de dores intensas nas pernas.

"O Afeganistão era um país tão diferente de hoje. Era calmo e bonito. As pessoas adoravam arte e grandes partes do país não eram habitadas", disse.

Mahanandia chegou à Europa no dia 28 de maio, após cinco meses de viagem. Em Viena, na Áustria, ele pegou um trem para Gotemburgo, na Suécia, onde eles se casaram oficialmente.

"Eu não tinha ideia do que era a cultura europeia. Era tudo novo para mim, mas ela me apoiou em cada passo. Ela é uma pessoa especial. Ainda sou apaixonado como era em 1975", disse.

Aos 64 anos, ele ainda trabalha como artista e vive com Charlotte e dois filhos do casal na Suécia. Mahanandia não entende "por que as pessoas acham que foi uma grande coisa vir de bicicleta para a Europa". "Eu fiz o que tinha de fazer. Não tinha dinheiro, mas tinha que encontrá-la. Eu estava pedalando por amor, mas nunca amei pedalar. É simples", explicou o homem com naturalidade.

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