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Líder de Mianmar faltará a Assembleia da ONU por crise com minoria

Prioridade do Mianmar no momento é impedir que a violência se espalhe pelo país, diz porta-voz

Líder de Mianmar faltará a Assembleia da ONU por crise com minoria
Notícias ao Minuto Brasil

20:22 - 13/09/17 por Folhapress

Mundo Violência

Em meio a fortes críticas da comunidade internacional pela violência sofrida pela minoria étnica rohingya, Aung San Suu Kyi, líder de fato do Mianmar, anunciou nesta quarta-feira (13) que não irá comparecer à Assembleia Geral da ONU.

Zaw Htay, porta-voz do gabinete de Suu Kyi, informou que a maior prioridade dela no momento é impedir que a violência se espalhe pelo país.

A atual crise começou no dia 25 de agosto, quando rebeldes rohingyas atacaram cerca de 20 delegacias de polícia no Estado de Rakhine, no oeste do país, onde se concentra a minoria rohingya.

Em resposta, o Exército tem conduzido o que chamou de "operações de limpeza", que afirma ter como objetivo deter "terroristas extremistas" e proteger a população civil.

Segundo dados oficiais, 400 pessoas já teriam morrido nos confrontos.

Uma multidão jogou pedras em lojas de muçulmanos no último domingo (17) na região central do país. Nenhum outro incidente foi registrado.

Zaw Htay informou que o governo teve acesso a informações sobre planejamento de ataques, mas não deu maiores detalhes. Ele afirmou que a segurança seria reforçada nas cidades.

Uma vez que o presidente Htin Kyaw está hospitalizado, o vice-presidente Henry Van Tio representará o Mianmar na Assembleia Geral da ONU.

Oficialmente, Suu Kyi ocupa o cargo de "conselheira estatal". Por ter dois filhos que têm nacionalidade britânica, a Constituição birmanesa proíbe que ela seja presidente.

Porém, devido a sua influência política como símbolo do movimento de redemocratização do país -ela recebeu o prêmio Nobel da paz em 1991- é considerada a líder de fato de Mianmar.

LIMPEZA ÉTNICA

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, reconheceu na quarta que a situação dos rohingya no Mianmar é melhor descrita como uma limpeza étnica.

Respondendo a um jornalista, Guterres disse: "quando um terço da população rohingya é obrigada a fugir do país, você acharia uma palavra melhor para descrever a situação?".

Ele pediu às autoridades de Mianmar que suspendessem as ações militares e que "reconhecessem o direito de retorno de todos aqueles que tiveram que deixar o país".

Na segunda-feira (11), o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, já havia dito que o tratamento de Mianmar à minoria muçulmana rohingya se assemelha a um "exemplo clássico de limpeza étnica".

O Conselho de Segurança da ONU deve se reunir nesta quarta a portas fechadas pela segunda vez desde o início da crise.

O Embaixador do Reino Unido na ONU, Matthew Rycroft, disse que esperava que os países membros chegassem a um acordo sobre um comunicado oficial sobre a situação dos rohingyas.

Desde o dia 25 de agosto, a ONU estima que mais de 370 mil rohingyas tenham fugido para o vizinho Bangladesh.

Antes da crise das últimas semanas, cerca de 400 mil rohingyas já moravam em dois campos de refugiados nas cidades de Kutupalong e Napayara, próximas à fronteira com o Mianmar.

O primeiro-ministro de Bangladesh, Sheikh Hasina, prometeu ajudar os recém-chegados, mas exigiu que Mianmar "receba de volta seus cidadãos".

O governo bengalês informou que irá fornecer 810 hectares para a instalação de um novo campo no distrito de Cox's Bazar.

Muitos dos recém-chegados estão se alojando em escolas e em barracas improvisadas à beira de estradas.

A grande maioria dos rohingya em Bangladesh vivem em condições precárias e não tem acesso a água potável, assistência médica e alimentos.

CRÍTICAS INTERNACIONAIS

No ano passado, vários laureados com o Nobel -incluindo Malala Yousafzai, Desmond Tutu e 11 outros- assinaram carta aberta "alertando sobre o potencial genocídio". Críticos de Suu Kyi a culparam pela crise e pediram que seu Prêmio Nobel seja revogado.

De acordo com a Constituição de Mianmar, o Exército constitui um quarto poder e não se submete ao Poder Executivo. Dessa forma, as ações militares em Rakhine estão fora da autoridade de Suu Kyi, o que poderia justificar sua atuação limitada na crise.

Entretanto, ela tem sido criticada por não condenar publicamente as ações militares e também por não reconhecer a gravidade da violência contra os rohingyas.

Em setembro de 2016, Suu Kyi falou à Assembleia Geral da ONU pela primeira vez como líder do Mianmar. Na ocasião, ela defendeu os esforços do seu governo para solucionar a crise envolvendo os rohingyas, mas não pronunciou o nome da minoria.

Meses antes, ela esteve no centro de uma polêmica por recomendar ao recém chegado embaixador americano no Mianmar que não usasse o nome "rohingya".

U Kyaw Zay Ya, porta voz do Ministério de Relações Exteriores, justificou à época que o termo não deveria ser usado porque os rohingyas não são um dos 135 grupos étnicos reconhecidos por lei.

Em outras ocasiões, Suu Kyi repetiu o argumento da junta militar que governou o país por mais de cinquenta anos de que a minoria estaria vivendo ilegalmente em Mianmar.

Os rohingyas não têm direito à cidadania birmanesa. Como apátridas, eles não têm acesso a serviços básicos, como educação e saúde, e são proibidos de votar.

Na semana passada, Antonio Guterres afirmou que é crucial que o governo de Mianmar conceda imediatamente nacionalidade ou status legal à minoria. Ele também lembrou o longo histórico de "discriminação, desesperança e pobreza extrema" enfrentado pelos rohingyas. Com informações da Folhapress.

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