Francisca Ferreira almoçava na varanda de casa, como tinha costume, quando viu a filha Dandara Santos, ser levada em um carrinho de mão por homens que, em seguida, a matariam a tiro. Ela estava ferida, tinha sido agredida com chutes, murros, chineladas, golpes de madeira. "Eu vi meu filho sentado no meio da rua, no Sol, calado, esperando a morte", chora a dona de casa. O depoimento dela, como o de Ricardo Vasconcelos, irmão da travesti, estão no curta-mertragem "Dandara", que estreia no 25º Festival Mix Brasil, em duas sessões, no Centro Cultural São Paulo (CCSP), neste domingo (19).

O filme, realizado por Flávia Ayer e Fred Bottrel, terá uma terceira exibição na terça-feira (21), a partir das 19h30. Com pouco mais de 14 minutos, o curta recupera ainda o áudio original dos assassinados de Dandara, que gritam frases, "vai logo, mundiça", para a travesti ferida.

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"Ele não merecia isso", rebate a mãe. Em depoimento, o irmão alerta que, se não fosse as imagens dos próprios agressores, o crime seria apenas mais um. Em uma das cenas do trailer, os cineastas colocam o espectador no calvário de Dandara, a câmera fica em cima de um carrinho de mão e refaz o percurso que ela fez antes de ser assassinada tiros. O crime foi cometido em fevereiro deste ano inspirou ainda uma instalação da artista visual Nayara Leite, na University of the Arts, em Londres.