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Manifestantes pedem saída de Netanyahu após denúncia de corrupção

Netanyahu foi indiciado por suborno, fraude e quebra de confiança pelo procurador-geral Avichai Mandelblit

Manifestantes pedem saída de Netanyahu após denúncia de corrupção
Notícias ao Minuto Brasil

13:50 - 22/11/19 por Folhapress

Mundo Crise

TEL AVIV, ISRAEL (FOLHAPRESS) - Aos gritos de "Bibi, renuncie!" e "Bibi, vá para casa!", cerca de 200 manifestantes protestaram em Tel Aviv na manhã desta sexta-feira (22) em frente ao famoso edifício "Fortaleza de Zeev" (em homenagem a Zeev Jabotinsky, fundador do movimento que deu origem ao partido direitista Likud).

Foi o primeiro protesto pedindo a renúncia imediata do primeiro-ministro Binyamin "Bibi" Netanyahu após o anúncio de seu indiciamento, na quinta (21), por suborno, fraude e quebra de confiança pelo procurador-geral Avichai Mandelblit. 

Outras manifestações, contra ou a favor do primeiro-ministro, são esperadas para os próximos dias em meio à maior crise política da história de Israel. Após as eleições de 17 de setembro, o segundo pleito em menos de seis meses, nenhum candidato conseguiu formar uma coalizão de governo e é possível que sejam convocadas novas eleições para fevereiro ou março de 2020. 

"Viemos aqui para exigir que o primeiro-ministro respeite a lei e a promotoria pública", disse Richard Peres, organizador do evento, convocado às pressas na noite anterior, e diretor da sede nacional do Partido Trabalhista. "Netanyahu passou de todos os limites ao ameaçar juízes". 

Peres se referiu ao pronunciamento à nação feito pelo primeiro-ministro logo após o indiciamento, no qual ele exigiu a abertura de uma investigação oficial contra a polícia e a Justiça, especificamente o promotor de Estado, Shai Nitzan, que, segundo ele, forjaram provas contra ele e ameaçaram testemunhas.  

"É uma tentativa de golpe. Eles não estão atrás da verdade e sim atrás de mim", afirmou Netanyahu. "É preciso ser cego para não ver que algo ruim está acontecendo no sistema legal", disse Netanyahu, afirmando que vai se manter no cargo (segundo a lei israelense, ele só é obrigado a renunciar caso seja condenado).

Netanyahu foi indiciado por suborno, fraude e quebra de confiança em três investigações, apelidadas de Caso 1000, 2000 e 4000. 

"Tenho certeza de que Netanyahu vai acabar na prisão. Israel ainda é um país onde a lei impera. Temos instituições fortes", afirmou Tomer Pines, presidente da Jovem Guarda do Partido Trabalhista. "Ninguém acreditava que o ex-presidente Moshe Katzav seria preso e ele foi, bem como outras autoridades como ex-ministros e até um ex-premiê, Ehud Olmert". 

Pines, que é filho de mãe brasileira, afirmou que o país está dividido entre esquerda e direita, como no caso do Brasil. E expressou temor de que haja algum tipo de violência política pelo que chamou de "incitamento de Netanyahu contra o sistema judicial". 

Já houve um assassinato político em Israel, há 25 anos, quando um ativista de direita matou o então primeiro-ministro Yitzhak Rabin. Tomer Pines não acredita que ativistas de esquerda sejam capazes disso, mas aponta para a possibilidade de que algum apoiador de Netanyahu cometa algum ato violento contra um policial, promotor ou juiz. 

Do outro lado da rua, cerca de dez manifestantes pró-Netanyahu usavam megafones para gritar contra os participantes do protesto palavras como "terroristas!" ou "Bibi, rei de Israel!".

"Eles são cegos! Querem sacrificar a pátria através de Netanyahu, nosso grande líder!", disse Ran Carmi, que subiu em uma árvore para e teve que ser retirado por policiais. "Vamos continuar defendendo Bibi até que ele seja considerado inocente". 

Em editorial nesta sexta-feira, o jornal Haaretz (identificado com a esquerda), também pediu a renúncia de Netanyahu: "Ele não pode travar uma batalha legal para limpar seu nome e administrar o país ao mesmo tempo. Netanyahu deve ir para casa. Agora". 

O partido de centro-esquerda Azul e Branco, do maior rival político atual de Netanyahu, Benny Gantz, exigiu que o primeiro-ministro pelo menos deixe as pastas da Saúde, da Diáspora, do Bem-Estar Social e da Agricultura, que ele acumula como ministro. Se um premiê pode continuar no cargo até ser condenado, o mesmo não acontece no caso de ministros.

Do outro lado do leque político, o ministro dos Transportes, Bezalel Smotrich, do partido de extrema-direita Casa Judaica, pediu ao público que saia às ruas em manifestações pró-Netanyahu.

"Se o povo de Israel não der o poder político àqueles que se comprometem a evitar essa crise constitucional, isso rapidamente despertará uma ditadura legal devastadora, violenta e perigosa", escreveu Smotrich em uma rede social.

Netanyahu também recebeu apoio de outros ministros, como o da Educação, Rafi Peretz (partido Casa Judaica), e o das Relações Exteriores, Israel Katz (Likud): "Ele é inocente até que o tribunal decida de outra forma", disse Peretz.

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