Em 2016, terrorismo atingiu recorde de países em 17 anos
Estudo foi publicado pelo Instituto para Economia e Paz, que compila esse índice desde 2000
© Reuters / Marko Djurica
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O terrorismo atingiu um número recorde de países em relação aos últimos 17 anos. Segundo o Global Terrorism Index, 77 países tiveram ao menos uma morte relacionada a atentados no ano passado, comparados aos 65 registrados em 2015.
O estudo foi publicado nesta quarta-feira (15) pelo Instituto para Economia e Paz, que compila esse índice desde 2000.
No que o terrorismo ganhou em extensão, no entanto, ele perdeu em intensidade: o mesmo relatório mostra uma redução de 22% no número de mortes causadas por atentados desde 2014, seu ápice. Foram 25.673 mortes em 2016, contra as 32.658 vítimas em 2014.
Quatro dos cinco países mais afetados pelo terrorismo -Síria, Paquistão, Afeganistão e Nigéria- tiveram uma queda de 33% no número de mortes.
A redução na Nigéria está relacionada ao combate à organização terrorista Boko Haram. Houve uma queda de 80% dos ataques atribuídos ao grupo.
Já o país mais afetado durante o ano foi o Iraque, onde a retração territorial do grupo radical Estado Islâmico levou ao incremento de seus ataques contra civis, em uma recalibração de estratégia. Houve 9.765 mortes no Iraque em 2016.
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OCDE
Apesar da redução no número de vítimas em escala global, o ano de 2016 foi o mais letal desde 1988 nos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), coletivo que engloba EUA, diversos países europeus e Canadá, entre outros. Isso exclui os atentados de 11 de setembro de 2011 nos EUA, que deixou cerca de 3.000 mortos.
O número de mortes causadas por terrorismo em 2016 nesse grupo foi de 265 -1% do total. O relatório nota, no entanto, que os ataques terroristas na OCDE não são inéditos: houve quase 10 mil mortes por essa causa desde 1970, excluindo aquelas registradas na Turquia e em Israel.
O Estado Islâmico foi relacionado a 75% das mortes por terrorismo em países da OCDE desde 2014. Mas, em termos históricos, essa facção aparece apenas como a quarta maior culpada, superada pelos separatistas irlandeses IRA e pelos bascos do ETA.
O estudo também mostra que, apesar da atenção dada a atentados nos EUA e na Europa, eles são a minoria em termos globais, pois 94% das mortes causadas pelo terrorismo ocorreram no Oriente Médio, no norte da África, na África sub-saariana e no sul da Ásia.
O incremento na OCDE, porém, preocupa por sinalizar novas estratégias: grupos como o Estado Islâmico têm recorrido a ações de menor complexidade, como o atropelamento que deixou 16 mortos em Barcelona e arredores em agosto passado. São ataques mais fáceis de planejar e mais difíceis de impedir, em comparação aos atentados a bomba realizados em outros anos.
O relatório do Global Terrorism Index estima que o custo de realizar um ataque à Europa foi reduzido de maneira significativa nos últimos anos, chegando a custar hoje menos de R$ 35 mil -terroristas neste continente não precisam mais, portanto, receber financiamento externo. Com informações da Folhapress.