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Ponte de Gênova era sobrecarregada, diz caminhoneiro brasileiro

Segundo o Itamaraty, até o momento não há o registro de brasileiros entre as vítimas do desabamento

Ponte de Gênova era sobrecarregada, diz caminhoneiro brasileiro
Notícias ao Minuto Brasil

20:30 - 14/08/18 por Folhapress

Mundo Depoimento

Uma estrutura mal conservada, sobrecarregada por carros e caminhões, com pilares pequenos demais para seu tamanho e sua extensão. Assim o caminhoneiro brasileiro Carlos Eduardo Fernandes, 39, descreve a ponte que desabou nesta terça-feira (14) em Gênova, deixando dezenas de mortos e feridos.

Natural de Rio Claro (SP), Carlos, que vive na Itália com a mulher e os filhos há quatro anos, passava cerca de cinco vezes por semana pela ponte Morandi para fazer entregas para a loja onde trabalha. Não gostava, mas não tinha alternativa: na outra opção disponível, uma via à beira-mar, caminhões são proibidos.

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"Ontem mesmo, no fim da tarde, passei por lá. Mas nunca gostei. Este domingo eu estava falando isso com a minha mulher, que é uma ponte alta, estreita, muito comprida, velha. Quando eu passava por baixo, dava para ver os pilares e eram muito pequenos para o tamanho e a altura que ela tem", conta. Carlos relata também que a ponte "vivia em manutenção".

"Tem reportagens de 2016 com engenheiros que já diziam que essa ponte poderia cair. A população sempre falou que ela era um perigo. Uma hora ou outra ia acontecer."

Inaugurada em 1967, a Morandi não foi projetada, segundo o brasileiro, para a quantidade de caminhões que passaram a circular por ali. "Cheguei a pegar 40 minutos de engarrafamento lá em cima, tinha muito tráfego ali. A gente sentia ela balançar sozinha. Tudo bem que pontes balançam, mas não tanto quanto aquela", afirma.

Ele diz que a ponte é uma via importante na cidade, pois liga os três portos que existem na área a uma rodovia que liga Gênova não só a outras cidades italianas, mas outros países, como França, Suíça e Espanha.

Para Carlos, o fato de ser véspera de feriado na cidade -quando muitos moradores não estavam trabalhando e alguns comércios da área estavam fechados- evitou que a tragédia fosse ainda maior.

De seu caminhão, Carlos fez um vídeo na semana passada da ponte Morandi.

Ele ficou sabendo do desabamento no grupo de Whatsapp da empresa. "Avisaram para quem estivesse indo para lá voltar. Um colega meu tinha atravessado a ponte uma hora antes do que aconteceu. Quem presenciou [a queda] disse que parecia um terremoto", conta.

Segundo o caminhoneiro, a região onde fica Gênova tem várias outras pontes, algumas delas em um estado de conservação "de dar medo". Um dos fatores que ajudam a danificar as estruturas, explica, é o sal que é colocado para derreter o gelo e a neve no inverno. "No inverno aquilo vira uma pista de gelo, e eles ficam 24 horas jogando sal para derreter."

Moradora de Gênova desde 2005, a professora de inglês Gisella Iasi, 51, também diz que os moradores já reclamavam da segurança da ponte Morandi.

"Na época em que ela foi criada, falaram que era maravilhosa, que tinha algumas características na construção inéditas. Mas logo surgiram controvérsias e os especialistas alertaram que não era bem assim", conta. "E quem mora ali perto reclamava que sempre estava em manutenção."

Gisella é casada com um italiano que é oficial do Corpo de Bombeiros da cidade. Seu marido, que estava de folga, foi chamado minutos depois do acidente para ajudar a coordenar o resgate. Bombeiros de outras cidades vizinhas e até de outras regiões reforçam a equipe.

"Ele vai trabalhar pelo menos 24 horas seguidas, só vai voltar amanhã à tarde. Bombeiros, policiais, a Cruz Vermelha, representantes de hospitais, estão todos reunidos na prefeitura. Está uma loucura aqui", afirma a brasileira.

Segundo o Itamaraty, até o momento não há o registro de brasileiros entre as vítimas do desabamento. Com informações da Folhapress.

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