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Ianomâmis fizeram ritual pela saída de Jucá

O objetivo era fazê-lo desistir do posto de ministro do Planejamento do governo interino de Michel Temer, para o qual havia sido nomeado

Ianomâmis fizeram ritual pela saída de Jucá
Notícias ao Minuto Brasil

19:01 - 26/05/16 por Notícias Ao Minuto

Brasil POVOS-INDÍGENAS

Xamãs e lideranças do povo ianomâmi recorreram a rituais evocando "espíritos da natureza para pressionar a alma" de Romero Jucá. O objetivo era fazê-lo desistir do posto de ministro do Planejamento do governo interino de Michel Temer, para o qual havia sido nomeado.

O coordenador da associação Hutukara, sediada em Boa Vista, Roraima, Yanomami, considera Jucá "o maior inimigo dos povos indígenas do Brasil" e disse o grupo temia o avanço de propostas do ministro.

Quando Jucá foi afastado, os índios comemoram. "Deu certo", citou o coordenador quando o político foi afastado do cargoapós vir à tona uma gravação em que propunha um pacto para derrubar a presidente Dilma Rousseff e frear a Operação Lava Jato.

A relação problemática de Jucá - presidente nacional do PMDB - com os ianomâmis foi citada no relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV), em 2015.

Em capítulo sobre violações de direitos humanos de povos indígenas, o relatório diz que a gestão do político como presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), entre 1986 e 1988, resultou no "caso mais flagrante de apoio do poder público à invasão garimpeira".

"Comunidades inteiras desapareceram em decorrência das epidemias, dos conflitos com garimpeiros, ou assoladas pela fome. Os garimpeiros aliciaram indígenas, que largaram seus modos de vida e passaram a viver nos garimpos. A prostituição e o sequestro de crianças agravaram a situação de desagregação social", afirma o documento.

A estimativa é de que até um quarto dos ianomâmis tenham morrido por efeitos diretos ou indiretos do garimpo.

Jucá foi responsável ainda por expulsar ONGs e missões religiosas estrangeiras que prestavam o atendimento à saúde dos indígenas. A alegação era que os grupos estavam insulflando as comunidades e estrangeiros ameaçacam a soberania nacional. Missionários que atediam os índios também foram mandados embora.

Sem qualquer cuidado médico nas aldeias por um ano e meio, os casos de malária entre os ianomâmis cresceram 500%, diz a CNV.

Segundo informações da BBC Brasil, os problemas envolvendo o político com a população indígena são muitos.

"Além da omissão por não tirar os garimpeiros, Jucá agiu para tirar pessoas que davam remédio e faziam atendimento de saúde no meio do momento mais dramático da história dos Yanomami", diz Rogério Duarte do Pateo, professor de antropologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e autor do trecho do relatório da CNV sobre o grupo.

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