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Viaduto que cedeu na marginal foi reaberto com fissuras e vãos abertos

No sábado, os carros que transportavam o prefeito e sua comitiva foram os primeiros a cruzar o viaduto após a liberação

Viaduto que cedeu na marginal foi reaberto com fissuras e vãos abertos
Notícias ao Minuto Brasil

20:35 - 18/03/19 por Folhapress

Brasil São Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O viaduto na marginal Pinheiros reaberto pela Prefeitura de São Paulo no último sábado (16) tem uma série de falhas na estrutura causadas pelo mau estado de conservação.

A obra emergencial contratada pela gestão do prefeito Bruno Covas (PSDB) ao custo de R$ 26,5 milhões recuperou a parte que cedeu em novembro do ano passado, quando surgiu um degrau de cerca de dois metros que inviabilizou o tráfego de veículos. Outros trechos, porém, continuam a demandar obras de recuperação.

No sábado, os carros que transportavam o prefeito e sua comitiva foram os primeiros a cruzar o viaduto após a liberação. "Para mostrar a todos que é seguro, vou estar aqui no primeiro carro que vai passar pelo viaduto recuperado", disse Covas em vídeo publicado em sua página em uma rede social.

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De acordo com vistoria realizada em dezembro do ano passado, o viaduto localizado em frente ao parque Villa-Lobos apresenta pontos de infiltração de água, presença de vegetação nas intersecções de concreto, e esgarçamento das juntas de dilatação, intervalos necessárias para acomodar movimentações previstas da estrutura.

Com a falta de manutenção, essas juntas se tonaram maiores do que o recomendado formando vãos entre as placas de asfalto que formam o viaduto. A inspeção detectou também fissuras no concreto e corrosão das estruturas de ferro, o que compromete a estabilidade do viaduto.

A análise detalhada do viaduto foi feita um mês depois do acidente, em novembro do ano passado. Até então, a estrutura que nem tinha um nome oficial nunca havia passado por uma análise mais detalhada de sua estrutura.

A pasta afirmou em nota que a inspeção feita no ano passado não apontou problemas estruturais, e que foi aberta licitação no mês passado para contratar a empresa responsável pelas obras complementares.

Entre as intervenções previstas, de acordo com a secretaria, estão as trocas de duas juntas de dilatação e das grades de proteção nas extremidades.

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De acordo com dados da secretaria de Obras, nos últimos dez anos, 169 pontes e viadutos de São Paulo ficaram sem reparos. De todas as 185 estruturas viárias, 16 receberam reparos; quatro obras foram após acidentes.

O colapso de parte deste viaduto fez com que a gestão Covas encomendasse inspeções detalhadas de 33 pontes e viadutos na cidade. Vistoria preliminar dos engenheiros da prefeitura apontou que ao menos oito estruturas apresentam "risco iminente de colapso", devido ao mau estado de conservação que compromete a estabilidade.

O nível do risco foi registrado em documentos oficiais reproduzidos por reportagem do jornal Folha de S.Paulo. A gestão do prefeito Bruno Covas (PSDB), porém, negou que a situação fosse preocupante.

Na semana passada, a Promotoria de Habitação de Urbanismo entrou na Justiça contra a Prefeitura de São Paulo para restringir e até mesmo impedir o trânsito de veículos sobre 14 pontes e viadutos que apresentam "graves riscos". Na lista da Promotoria, estão incluídas as oito pontes e viadutos registrados em documentos oficiais.

Para o promotor de Patrimônio Público Marcelo Milani, é falso o caráter emergencial do contrato firmado entre a gestão do prefeito Bruno Covas (PSDB) e a empresa JZ Engenharia, responsável pelas obras de recuperação do viaduto. O promotor teve o pedido de paralisação das obras negado pela Justiça.

"Foi uma emergência fabricada. Problemas de estrutura no viaduto são conhecidos pela prefeitura ao menos desde 2012", disse o promotor. "Essa administração foi advertida diversas vezes pelo DER sobre risco estrutural", continuou o promotor ao citar o Departamento de Estradas e Rodagem, órgão estadual que construiu o viaduto na década de 1970.

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Há mais de dez anos, o Ministério Público cobra da prefeitura maior rigor na manutenção dessas construções. Um TAC firmado em 2007, na gestão Gilberto Kassab (PSD), obrigou o município a criar um programa de manutenção para pontes, viadutos, galerias e túneis. Como o TAC não foi cumprido, a prefeitura tenta, agora, reverter na Justiça a aplicação de multa de R$ 34 milhões.

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