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Em despedida, Eduardo louva premiê autoritário e princípe acusado de assassinato

Eduardo Bolsonaro saiu da presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara

Em despedida, Eduardo louva premiê autoritário e princípe acusado de assassinato
Notícias ao Minuto Brasil

17:29 - 12/03/21 por Folhapress

Política Câmara

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Em seu discurso de despedida da presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) agradeceu nominalmente ao príncipe saudita Mohammed bin Salman, acusado de mutilar e assassinar jornalista crítico de seu regime.
O filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) também agradeceu ao primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, de ultradireita e que vem atuando contra a oposição e a imprensa em seu país. O filho 03 disse que o país é "referência".

A Comissão de Relações Exteriores da Câmara elegeu na manhã desta sexta-feira (12) Aécio Neves (PSDB-MG) para a presidência para o ano de 2021, com 25 votos a favor e seis contrários.

Aécio vai substituir o filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que esteve por dois mandatos a frente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional -não houve troca, por conta da pandemia.

Em um discurso que misturou a defesa das suas ações e as do governo, Eduardo Bolsonaro destacou as suas interlocuções e visita à região do Oriente Médio. Então destacou anúncio de 2019, durante visita do presidente à Arábia Saudita, de que o fundo público do país árabe investiria US$ 10 bilhões (R$ 55,7 bilhões) no Brasil.

"Exemplo objetivo deste trabalho é o acordo com o fundo de investimento público, o PIF [da sigla em inglês para Fundo de Investimento Público] saudita para explorar oportunidades no Brasil de investimentos mutuamente benéficos em até 10 bilhões de dólares. Obrigado, príncipe Mohammad bin Salman", disse o deputado.

Mohammad bin Salman é acusado de ser o mandante do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi.

Khashoggi, que era colunista do jornal The Washington Post e crítico ao regime da Arábia Saudita, foi assassinado no consulado saudita em Istambul, em outubro de 2018. Relatório divulgado neste ano pela inteligência do Estados Unidos responsabilizou o príncipe pela morte do jornalista.

Eduardo Bolsonaro também exaltou a sua proximidade com Israel, que ele afirma terem sido duramente abaladas durante o governo da presidente Dilma Rousseff, que recusou as credenciais do embaixador israelense designado para atuar no Brasil.

O deputado federal também agradeceu ao primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, duramente criticado na Europa por suas investidas contra a imprensa livre e contra a oposição em seu país.

"E também agradeço a deferência do chanceler da Hungria, Péter Szijjártó, e também o premiê Viktor Orbán que tão bem me receberam em minha visita pela Hungria, país que pra mim é referência em várias áreas".

O parlamentar afirmou, novamente misturando as ações da comissão com a do governo, que houve uma ruptura com uma diplomacia permeada por "atrasos". E disse que o Brasil é tratado como um "pária" internacional, mas que vem recebendo investimentos estrangeiros em nível elevado.

"Já naquela oportunidade experimentamos mudanças que hoje se vêem consolidadas. A nossa política externa rompeu com vícios e atrasos e hoje prioriza os verdadeiros interesses nacionais. Os resultados são tangíveis apesar da campanha sórdida levada a cabo especialmente no exterior, não contra esse governo, mas contra o país".

"Sim, a imagem do Brasil lá fora tem sido objeto de uma ofensiva perpetrada daqueles que se autoproclamam democráticos, mas que não aceitam a vontade expressada nas urnas em 2018 por quase 60 milhões de brasileiros", continuou Eduardo.

"Nessa esteira, nosso país inaugurou um novo ciclo da sua política externa, comprometido com o pragmatismo, o fim da barreiras ideológicas e a busca pela diplomacia de resultados concretos. Inegavelmente o Brasil precisou consertar a bússola que nos guiava em prol de um projeto modernizador e pragmático de inserção internacional como país autônomo e independente no concerto de nações e dos grandes atores internacionais", completou.

Aécio, por sua vez, sinalizou que vai atuar em uma direção contrária à de Eduardo Bolsonaro. Em seu discurso, exaltou a defesa do multilateralismo, dos direitos humanos e do meio ambiente, temas frequentemente sob ataque bolsonarista.

"A política externa brasileira deve ter como foco o multilateralismo, nosso relacionamento internacional há de ser amplo, universal, sem exclusões ou alinhamentos automáticos. O Brasil precisa, acredito eu, amplificar sua atuação em grandes temas globais e se inserir em debates mais amplos nos quais nossa contribuição como pais é relevante, especialmente em assuntos relacionados aos direitos humanos, ao meio ambiente, a cooperação no combate internacional de pessoas, armas e drogas".

Aécio disse ainda que "é preciso enfatizar nesse instante o necessário e urgente enfrentamento à pandemia, que tem assolado o mundo e, de uma maneira especial, o Brasil".

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